A Medicina Veterinária do Coletivo (MVC) é uma nova área da Medicina Veterinária que interliga a Saúde Coletiva, a Medicina de Abrigos e a Medicina Veterinária Legal (Garcia, 2014).
O manejo populacional humanitário e sustentável de cães e gatos (MPCG) em áreas urbanas é um dos grandes temas dentro da MVC, sendo um problema para saúde pública e medicina de abrigos, mas tendo consequências também forenses. A medicina de abrigos engloba toda a politica interna dos locais públicos, privados ou do terceiro setor que fazem a manutenção de cães e gatos no coletivo, mas que têm relação direta e sofrem as consequências das politicas externas de MPCG. Inclui os protocolos de admissão de animais, programas preventivos, capacitação de funcionários e demais demandas para que os animais possam ser reintroduzidos na sociedade sem representarem riscos. Os maus-tratos aos animais é um tema que deve ser tratado intersetorialmente: como indicador de outras formas de violência, envolve a saúde, assistência social, conselhos tutelares e de defesa dos direitos dos idosos e das mulheres; as intervenções legais, caso as ações sócio-educativas não tenham efeito; e a aplicação dos 4Rs da medicina de abrigos (recolhimento seletivo, reabilitação, ressocialização e reintrodução na sociedade por meio da adoção) para a melhoria dos níveis do bem-estar dos animais.
A Medicina Veterinária do Coletivo, considerada uma nova área da medicina veterinária pela Associação Veterinária Americana, tem o seu termo utilizado em inglês como “shelter medicine”, em espanhol “medicina de albergues” e a tradução para o português seria “medicina de abrigos”.
Em relação ao melhor vocábulo a ser utilizado, na cultura latino-americana o termo “abrigo” não é utilizado quando a manutenção dos animais é feita pelo poder público, no caso dos serviços de controle de zoonoses e de controle animal.Também pode ter uma conotação de“depósito de animais” e não de instituição que promova o bem-estar desses.Com essas considerações, no Brasil e na Colômbia, o termo atualmente utilizado na construção dessa nova área é Medicina Veterinária do Coletivo (MVC).
A Medicina Veterinária do Coletivo interliga as áreas de saúde coletiva, medicina de abrigos e medicina veterinária legal. É multidisciplinar, trabalhando em conjuntos com setores da saúde, educação, meio ambiente e assintência social. Interagindo também com a polícia civil, ministério público e ONG’s
Em 1999, a Medicina Veterinária do Coletivo (MVC) começou a fazer parte do currículo de algumas escolas veterinárias americanas e programas especiais começam a ser desenvolvidos. A Universidade de Davis criou umprograma com o objetivo de apoiar tecnicamente os abrigos, agências de controle animal e criadores. A experiência da Universidade da Flórida envolve, além da escola de medicina veterinária, o segundo setor (Merial) e a agência de controle animal local(Alactua County Animal Services).
A Universidade de Cornell, por sua vez, oferece oportunidade de participação dos estudantes nessa nova área, envolvendo a construção de protocolos de avaliação e tratamento, medicina preventiva,implementação de sistemas de monitoramento e vigilância de enfermidades. Outro exemplo é a Universidade do Colorado, que tem um programa de formação profissional voltado para os alunos, mas também destinado a promover o avanço da MVC. Outra evolução da especialidade foi a criação de associações que se dedicam ao estudo e prática da MVC.