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Medicina de Abrigos

 A Medicina de Abrigos é a área da medicina veterinária dedicada ao estudo dos fatores que influenciam a manutenção de animais no coletivo, com o intuito de promover a melhor qualidade de vida de animais que estão abrigados em instituições dedicadas a encontrar-lhes novos lares (Garcia, 2019). Essa área foi reconhecida formalmente pela American Veterinary Medical Association (AVMA) como uma especialidade em 2014 nos Estados Unidos da América (EUA), e no Brasil a área está inserida dentro da especialidade Medicina Veterinária do Coletivo (MVC), reconhecida em 2021 pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (Galdioli et al., 2021a).

Desafiadora e exigindo conhecimentos e habilidades que excedem o que se adquire na formação acadêmica, é uma área de estudos e abrangência da medicina veterinária do coletivo que está se tornando uma nova opção de atuação para médicos-veterinários. Origina-se para suprir as dificuldades que os médicos-veterinários de abrigos encontram para garantir a defesa e o bem-estar dos animais, além da sanidade de toda a comunidade pela qual são responsáveis. As suas vastas aplicabilidades e a exigência de saberes específicos demonstram a necessidade do desenvolvimento de protocolos e de linhas orientadoras cujos objetivos finais se expressarão na melhora do estado hígido e das condições higiênico-sanitárias dos animais abrigados, e no aumento do número de animais adotados (Santos, 2010).

Inicialmente, até final dos anos 1990, as políticas públicas para o manejo populacional canino e felino (MPCG) eram consideradas sinônimo de atuação contra a raiva e incluíam a eliminação de animais de rua, que eram capturados sem distinção de tamanho, raça ou comportamento, alojados e eliminados em abrigos públicos (Reichmann et al., 2000). Esses primeiros canis e gatis municipais foram criados com a única finalidade de alojar os cães e gatos até que seu destino fosse efetivamente determinado; não tinham o objetivo de preservar a saúde ou o bem-estar dos animais (Santos, 2010). Entretanto, com as mudanças legais e de políticas no MPCG, a partir dos anos 2000, novos conhecimentos para os serviços de controle de zoonoses foram demandados, já que os animais capturados não podiam mais ser eliminados, devendo ser tratados, avaliados e destinados adequadamente por meio da adoção. A preocupação de proporcionar apenas os cuidados básicos, como abrigo, água e alimento, foi, aos poucos, incluindo os aspectos comportamentais e psicológicos para a promoção de uma boa qualidade de vida dos animais abrigados. Esse fato impulsionou os estudos da Medicina de Abrigos no Brasil (Garcia, 2019).

Essa área auxilia nas dificuldades que os médicos-veterinários, gestores e funcionários de abrigos encontram para gerenciar a saúde no coletivo, prestando assistência médica de qualidade com o objetivo de garantir que os animais, individualmente, estejam física e mentalmente saudáveis. Para isso, devem ter conhecimentos de gestão, políticas internas, arquitetura (parte estrutural), programas preventivos (protocolos de imunização, controle de parasitas, limpeza); manejo nutricional; enriquecimento ambiental e etologia (avaliação, reconhecimento dos problemas e tratamento comportamental); gerenciamento de recursos humanos e de protocolos relativos a possíveis surtos de doenças infecciosas , além de entender de fluxogramas e das estratégias de entrada e saída dos animais (Garcia, 2019). Também é necessária a capacitação periódica de todos os profissionais que trabalham no abrigo, com vistas ao seu próprio bem-estar físico e mental e a uma interação harmoniosa com os animais. Maior enfoque no bem-estar animal e na conscientização dos gestores dos abrigos exigem um novo papel para os médicos-veterinários nesses locais (Galdioli et al., 2020).

Discrepando dos padrões internacionais, que são embasados em uma literatura consistente, os abrigos no Brasil possuem diversas particularidades, tornando complexa a aplicação de protocolos estabelecidos (Lima & Garcia, 2019). Também faltam estudos sobre o número e o perfil de animais abrigados no país e identificação dos manejos realizados, dos programas preventivos aplicados e do conhecimento em medicina de abrigos pelos colaboradores (médicos-veterinários, gestores, funcionários e voluntários) dos abrigos. Dessa forma, o objetivo desse estudo foi avaliar um curso de capacitação para colaboradores atuantes em abrigos de animais por meio da educação à distância (EaD) e suas percepções sobre os manejos e protocolos em Medicina de Abrigos.

Projeto Medicina Veterinária do Coletivo – Instituto PremieRpet e Universidade Federal do Paraná

O projeto Medicina Veterinária de Abrigos é um convênio técnico firmado entre Instituto PremieRpet® e UFPR que possibilita a transmissão de conhecimento técnico para as ONGs. Esse conhecimento deve servir como um grande influenciador para mudar a realidade dos animais abrigados e o trabalho social desenvolvido por essas instituições. Tem como objetivo de melhorar o nível de bem-estar dos animais, diminuir as taxas de mortalidade e morbidade e aumentar as taxas de adoção. Dessa parceria são produzidos materiais de referência em medicina de abrigos. Todos esses materiais, informativos técnicos e outros relacionados à Medicina de Abrigos podem ser acessados por meio do site: https://mvabrigosbrasil.com.br/biblioteca/

Em 2018, firmou-se uma parceria entre a área de Medicina Veterinária do Coletivo da Universidade Federal do Paraná e o Instituto PremieRpet®, dando início ao projeto Medicina Veterinária de Abrigos. O projeto envolve os residentes da área de MVC, os quais fornecem uma consultoria para os abrigos, identificando os principais pontos críticos de cada instituição e sugerindo melhorias, sempre visando aumentar o nível de bem-estar animal e, consequentemente, incentivando mais adoções de sucesso.

Mais informações nos sites:
https://onlinesheltermedicine.vetmed.ufl.edu/
https://www.sheltermedicine.com/

https://www.premierpet.com.br/wp-content/uploads/2020/11/shelter_medicine-diretrizes-instituto.pdfwww.premierpet.com.br/shelter_medicine.pdf

Iniciativa Medicina de Abrigos Brasil – Infodados de Abrigos de Animais
1ª iniciativa de mapeamento e coleta de dados dos abrigos de cães e gatos do Brasil

A Medicina de Abrigos Brasil – Infodados de Abrigos de Animais surge como uma forma de suprir a necessidade de promover a ciência da Medicina de abrigos no país, e obter dados representativos com base em estatísticas nacionais para o desenvolvimento de políticas públicas que reduzam o abandono de animais de estimação e promovam a adoção. Dessa forma, será possível garantir melhores práticas nesses ambientes; realizar o monitoramento contínuo do número de admissões e saídas de cães e gatos em abrigos; fornecer às organizações de animais informações necessárias que possam agilizar e dinamizar as operações de acordo com as necessidades de sua comunidade; avaliar resultados das estratégias de manejo existentes de cães e gatos abandonados e que estão em situação de rua; e facilitar a alocação eficaz de recursos do governo e em organizações de bem-estar animal.
A iniciativa tem três objetivos:

  1. Mapear e ser um banco de dados nacional da dinâmica populacional dos cães e gatos de abrigos públicos, privados, mistos e protetores independentes/lares temporários;
  2. Difundir a Ciência da Medicina Veterinária de Abrigos, permitindo o acesso às pesquisas e literaturas acerca do tema e dar subsídios para colaboradores e profissionais atuantes para fornecer maior qualidade de vida aos animais, além de prevenir e combater o abandono.
  3. Permitir a interação entre abrigos e voluntários por meio de um Programa de Voluntariado.
    Conheça a inciativa: https://mvabrigosbrasil.com.br/

Curso de Capacitação em Medicina de Abrigos:
Em 2021, o Instituto de Medicina Veterinária do Coletivo – organização habilitada junto ao CFMV para conceder o título de especialista em MVC – idealizou e organizou o primeiro Curso de Capacitação em Medicina de Abrigos em formato de educação à distância, a nível nacional, com o objetivo de capacitar médicos-veterinários, gestores, funcionários e voluntários de abrigos públicos,privados ou mistos sobre os fundamentos da ciência Medicina de Abrigos. Este curso foi idealizado pelo médico-veterinário Lucas Galdioli e pela médica-veterinária Rita de Cassia Maria Garcia (membros da diretoria do IMVC), que em sua primeira edição, forneceu dados para a publicação do estudo pioneiro sobre o perfil dos abrigos de cães e gatos brasileiros em relação às suas políticas externas e internas.
O curso acontece de forma assíncrona com uma edição por semestre, para conhecer mais sobre o curso, acesse: https://institutomvc.org.br/site/index.php/medicina-de-abrigos/

Livro Medicina de Abrigos: Princípios e Diretrizes
Em 2022 foi lançado o primeiro livro da Medicina de Abrigos no Brasil. Esta obra que tem como objetivo a difusão de conhecimento técnico-científico em medicina de abrigos para a promoção do manejo e bem-estar dos animais em situação de abrigos, o manejo populacional de cães e gatos, o ensino, pesquisa, extensão e a atuação profissional.
O livro digital Medicina de Abrigos: princípios e diretrizes, de Lucas Galdioli e Rita de Cassia Maria Garcia é dividido em 10 seções e conta com a contribuição de mais de 60 colaboradores.
Para conhecer mais sobre, acesse o site: https://institutomvc.org.br/site/index.php/livro/

Referências:
Galdioli, L.; Ferraz, C. P.; Lima, L. C. F. & Garcia, R. C. M. (2020). Medicina de abrigos – desafios e avanços no Brasil. Revista Clínica Veterinária, 144, 28- 34.
Galdioli, L.; Gebara, R. R.; Garcia, R. C. M.; Bastos, A. L. F.; Nunes, V. F. P. & Santos, T. A. (2021a). Medicina Veterinária do Coletivo: a nova especialidade da Medicina Veterinária. Revista Clínica Veterinária, 153, 12-15.
Garcia, R. C. M. Introdução à medicina de abrigos. In: Garcia, R. C. M.; Calderón, N.; Brandespim, D. F. (2019). Medicina veterinária do coletivo: fundamentos e práticas. São Paulo: Integrativa, 274-286.
Lima, L. F. C. & Garcia, R. C. M. Experiência em Medicina Veterinária de Abrigos. n: Garcia, R. C. M.; Calderón, N.; Brandespim, D. F. (2019). Medicina veterinária do coletivo: fundamentos e práticas. São Paulo: Integrativa, 326-327
Santos, T. I. G. F. P. (2010). Understanding shelter medicine [Mestrado em Medicina Veterinária]. Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa.
Reichmann, M. L. A. B.; Figueiredo, A. C. C.; Pinto, H. B. F. & Nunes, V. F. P. (2000). Manual técnico do Intituto Pasteur n° 6: controle de populações de animais de estimação. São Paulo: Instituto Pasteur, 44.

Universidade Federal do Paraná
Medicina Veterinária do Coletivo UFPR

Rua dos Funcionários 1540
80035-050 | Curitiba |
mvc@ufpr.br

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