O GIA (Grupo Integrado de Aquicultura e Estudos Ambientais) é um exemplo de integração entre setor acadêmico e iniciativa privada, e também entre pesquisa e extensão. Criado em 1998, o GIA tem se destacado na formação e na qualificação de pesquisadores. O grupo foi fundado em 1998 por dois professores da Universidade Federal do Paraná, Antonio Ostrensky e Walter Antonio Boeger. Hoje, atuam nele cinco professores da UFPR, do Setor de Ciências Agrárias, Ciências Biológicas e Ciências da Terra, cada um com sua rede de orientandos de mestrado e doutorado, mais alunos de Iniciação Científica e quatro técnicos pesquisadores, além de parceiros de outras universidades. Eles trabalham em dois laboratórios instalados no campus de Ciências Agrárias e um terceiro no balneário de Praia de Leste (Pontal do Paraná).
Cada projeto desenvolvido pelo GIA conta com financiamento próprio, geralmente obtido junto à iniciativa privada ou em instituições de pesquisa. O professor Ostresky destaca: “desenvolvemos projetos de ponta e de inovação tecnológica. Com isso, ajudamos a formar talentos de alto nível. Os inúmeros prêmios recebidos mostram que estamos no caminho certo”. Um exemplo é o projeto Cultimar, de geração de renda para comunidades litorâneas com a produção de ostras, que recebeu do FINEP o prêmio de melhor projeto de inovação social da região sul. Posteriormente, a tecnologia social desenvolvida pelo projeto foi aplicada na região do Baixo Sul, no litoral da Bahia.
Entre os projetos atualmente desenvolvidos pelo GIA estão o que trabalha com cultivo de siri mole em cativeiro; o estudo de espécies de camarão da costa da América Central e do Sul; o desenvolvimento e análise da qualidade de ostras cultivadas no Brasil; a melhoria de técnicas de produção de ostras; pesquisa sobre o uso mais adequado de água na indústria; e uma pesquisa sobre a avaliação de impactos de vazamento de óleos sobre peixes e ambientes aquáticos. “Todos esses projetos têm por trás a busca de melhorias para a sociedade, através da geração de renda para produtores, da preservação do meio ambiente e na qualidade de vida das comunidades litorâneas”, explica o professor Ostrensky.
CAMAR
O laboratório Camar (Centro de Arquicultura Marinha e Repovoamento), ligado ao GIA, fica em Praia de Leste, balneário de Pontal do Sul, litoral do Paraná. Foi construído com verba do governo do Estado do Paraná destinada especificamente ao GIA, em um terreno de 11 mil metros quadrados, doado pela prefeitura local. As obras foram iniciadas em 2011 e, mesmo o fato de não estarem ainda não totalmente finalizadas não impede que a área seja usada desde 2013 para a realização de diversas pesquisas. À frente do Camar está o professor Ubiratã Assis da Silva, da UFPR.
A doação do terreno foi uma negociação intensa entre os professores do GIA e a prefeitura de Pontal. Para isso, os docentes mostraram as vantagens que as pesquisas realizadas poderão trazer para a região. Entre os projetos estão o repovoamento de camarão no litoral do Paraná, melhoramento genético do camarão nativo para que possa ser produzido em fazendas e a produção comercial de siri mole, entre vários outros que poderão impactar positivamente na economia do litoral paranaense.
O próximo passo é a construção de dez pequenos viveiros de 62 m² no mesmo terreno do Camar. Com eles, os experimentos citados acima poderão ter continuidade, uma vez que o espaço de criação é um fator limitador às pesquisas. O projeto para construção está pronto e a verba já está reservada. Por isso, a expectativa é de que os viveiros fiquem prontos ainda neste semestre.
HISTÓRICO
O GIA (Grupo Integrado de Aquicultura e Estudos Ambientais) foi criado em 1998 para atender a demandas do setor aquícola paranaense e brasileiro. Com o crescimento empresarial dessa atividade, os problemas e conflitos a ela relacionados começaram a aparecer com maior frequência e, não raro, exigindo soluções que passavam por análises e procedimentos que precisavam empregar metodologias científicas.
Em sua fase inicial, em várias oportunidades, os membros do GIA foram chamados pelos setores público e privado para desenvolver projetos de produção; identificar e buscar solucionar problemas operacionais e sanitários de cultivos; realizar diagnósticos e planos de desenvolvimento regional e promover os mais diversos programas de treinamento e capacitação técnica.
No ano 2000, quando da ocorrência de um acidente ambiental envolvendo o vazamento de um grande volume de petróleo na baía da Guanabara, Rio de Janeiro, o GIA foi convidado pela Petrobras para participar dos esforços de recuperação ambiental. Na ocasião o desafio parecia imenso: desenvolver e aplicar uma tecnologia de produção de larvas de caranguejo para recuperação dos manguezais atingidos pelo óleo. Apesar de anteriormente ninguém nunca ter conseguido produzir larvas de caranguejo-uçá em larga escala, após um ano de pesquisas e desenvolvimento de tecnologia, mais de um milhão de caranguejinhos estavam sendo liberados nos manguezais próximos à Refinaria Duque de Caxias. Esse sucesso resultou na consolidação do GIA e no seu reconhecimento nacional e internacional.
Por: Simone Meirelles/Assessoria de Comunicação Social/Setor de Ciências Agrárias