Curitiba, 01/10/2023 – Ensinar de forma lúdica tem sido uma estratégia muito usada para promover o engajamento e despertar o interesse dos alunos. Normalmente atrelada à educação infantil ou aos anos fundamentais de ensino, essa forma de ensinar é efetiva também para quem está na graduação. Essa é a proposta da professora Amanda Massaneira de Souza Schuntzemberger das disciplinas de Planejamento e Administração Rural e de Crédito e Gestão de Risco Rural, para os cursos de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia, da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Dentre as ferramentas utilizadas por ela e pelos professores José Roberto Canziani e Eduardo Gelisnki Junior está um quebra-cabeça que apresenta práticas conservacionistas na propriedade rural, elaborado pelo Núcleo de Comunicação da Embrapa Florestas, em 2005, como ação do Projeto Florestas na Embrapa: estratégias de consolidação da imagem da pesquisa florestal, coordenado pela Embrapa Florestas em parceria com outras 11 Unidades da empresa: “O objetivo do projeto era aumentar a visibilidade das ações da Embrapa na área florestal para a sociedade brasileira, de forma organizada e harmônica”, explica Katia Pichelli, supervisora do Núcleo de Comunicação Organizacional da Unidade. Na época, o quebra-cabeça foi distribuído a escolas dos municípios de Curitiba e Colombo e também em eventos externos e internos direcionados ao público infantil.
O material chegou às mãos de Schuntzemberger em 2022, quando foi convidada para ser mentora no Hackathon “AgroAmbiente – Recuperar para Ganhar”, promovido em parceria pela Embrapa Florestas, PUC/PR e Sebrae/PR. “Finalizado o Hackathon, recebi alguns materiais institucionais da Embrapa, entre eles, o quebra-cabeça. Levei-o para minha filha, Verônica, que na época tinha 4 anos. Ela adora brincar de montar quebra-cabeça e por algumas semanas aquele foi o preferido dela. Numa das vezes em que estávamos juntas montando, fiquei olhando para a imagem formada e pensei que poderia ser interessante usá-lo nas minhas aulas”, diz Amanda.
Desde o segundo semestre de 2022, cerca de 300 alunos já passaram pela dinâmica do quebra-cabeça. Para as turmas de Planejamento e Administração, os professores o utilizam para explicar conceitos como o conteúdo de descrição dos capitais natural, físico, financeiro, humano e social existentes nas propriedades rurais e também a questão da descrição do processo produtivo da empresa. Já para as turmas de Gestão de Risco são trabalhados conteúdos como finalidades do crédito rural – custeio, investimento, comercialização e industrialização-, riscos agropecuários e modalidades de seguro rural – agrícola, pecuário, aquícola e florestal – existentes. “A partir da imagem formada, faço os alunos discutirem o que pode ser financiado com crédito rural, que tipos de riscos podemos ter na atividade agropecuária e que tipos de seguro existem para as atividades agropecuárias”, detalha a professora.
Para Schuntzemberger, o uso do quebra-cabeça e de outros métodos lúdicos como o Aprendizado Baseado em Jogos, que consiste em jogos com temas de interesse educacional, faz com que os alunos se interessem mais pela aula: “Eles mantém a atenção no momento da montagem e depois no momento das discussões sobre os assuntos com a imagem já formada. Não é incomum eu ouvir comentários do tipo ‘a aula hoje foi muito legal e produtiva’ quando levo o quebra-cabeça para sala de aula. Certa vez, no momento em que os alunos estavam reunidos em equipes montando-os, ouvi uma aluna dizer aos colegas ‘nossa, acho que vou me lembrar desse momento por muito tempo!’ Nessa oportunidade, eu ganhei o dia!”
O aluno Thiago Bertolin Novatski, atualmente no 8º período de Agronomia, complementa: “é uma abordagem bem diferente do que vemos na universidade. Acredito que ajude muito principalmente na interação, pois os alunos costumam perguntar mais quando a abordagem é outra. Eu já percebi isso porque até eu mesmo faço”. Novatski lembra que, “a partir da ilustração de uma propriedade com uma integração lavoura-pecuária-floresta, a professora Amanda ensinou as diferentes atividades que acontecem em uma propriedade rural e relacionando com os tipos de financiamentos e linhas de créditos existentes”.
Segundo Ives Goulart, do Setor de Implementação da Programação de Transferência de Tecnologias da Embrapa Florestas, receber a devolutiva da professora Amanda sobre o uso em sala do quebra-cabeça foi uma ótima surpresa: ” Quando o quebra-cabeça foi criado, a ideia era que fosse um material lúdico para crianças, mas a professora Amanda percebeu que seria útil para interpretar questões como o planejamento econômico da propriedade, então a satisfação é muito grande porque foi dado um sentido diferente, também muito bacana, para um material desenvolvido para outra finalidade”. Pichelli reforça essa opinião: “É muito significativo saber que o quebra-cabeça está sendo usado para fins didáticos, pois significa que o projeto cumpriu seu objetivo e ainda traz bons resultados, mesmo tendo acontecido anos atrás”, afirma.
(com assessoria Embrapa Florestas)