Neste dia 5 de junho é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente. E são vários os desafios que o tema impõe à reflexão. Para o professor Paulo de Tarso Pires, do departamento de Economia Rural da UFPR e coordenador geral no Brasil da Rede Latino Americana de Direito Florestal Ambiental, o entendimento geral do Meio Ambiente está vivendo uma mudança de paradigma. “Antes, havia um posicionamento indústria versus meio ambiente. Hoje, a indústria e sociedade entendem o meio ambiente como um recurso a ser apropriado como parceria”, explica.
Na visão do pesquisador, um dos desafios atuais é trabalhar a questão social em conjunto com a ambiental. Por exemplo, nas situações de desastres ambientais, que estão atingindo cada vez mais pessoas, por dois motivos: as mudanças climáticas que causam situações diferenciadas de chuvas e o crescimento acelerado da população que está empurrando os mais pobres para moradias em áreas de risco, como encostas de morros ou beira de rios. A resposta, nesse caso, é investir no planejamento público, aponta ele. “Precisamos utilizar os recursos naturais de forma sustentável, buscando solucionar questões nevrálgicas na sociedade”, afirma.
A saída dos Estados Unidos do Acordo Climático de Paris, anunciada na última semana, é foco de várias reações, inclusive dentro do próprio país americano. Pires observa que grandes empresas da área petrolífera, como Chevron e Exxon Mobil, se posicionaram contra a saída por enxergarem os acordos ambientais como um possível diferencial competitivo, e que o Estado da Califórnia, um dos mais ricos da federação norte-americana, anunciou que vai manter os critérios do acordo.
Em outra perspectiva, há avanços interessantes nas políticas de meio ambiente e combate à fome. A União Europeia e os Estados Unidos vêm investindo fortemente em novas tecnologias de produção sustentável de alimentos, especialmente em países africanos. Além de visar a redução da fome nos países pobres, a ação também tem como meta reduzir a pressão de imigração em direção aos países desenvolvidos, fixando a população africana no campo. “Isso demonstra como a questão ambiental e a social estão entrelaçadas, e que os governos estão percebendo isso muito claramente”, analisa o professor Pires.
Simone Meirelles 5 de junho de 2017 – 14h57