A Araucaria angustifólia, conhecida como “Pinheiro do Paraná”, é uma árvore emblemática do Brasil. Sua importância histórica a transformou em símbolo do Estado do Paraná. Foi essa espécie escolhida para comemorar o Dia da Árvore no Setor de Ciências Agrárias da UFPR. Não por acaso, o plantio da muda enxertada marcou também a iniciativa de institucionalização da pesquisa com araucárias na UFPR, iniciada em 1985 pelo professor Flávio Zanette, hoje aposentado mas ainda atuando na pós-graduação da instituição.
A cerimônia simbólica reuniu professores, técnicos administrativos e estudantes do Setor. A muda plantada é enxertada e já tem dois anos. Em mais dois anos, deverá florir e em quatro, produzir os primeiros pinhões. O prazo é bastante precoce para a espécie, resultado dos anos de pesquisa realizados na UFPR, conforme explicou o professor Zanette.
O diretor do Setor de Ciências Agrárias, professor Volnei Pauletti, leu uma carta em nome da instituição, destacando a importância das pesquisas realizadas e de sua continuidade. “Queremos incentivas que os cursos e departamentos do Setor criem pesquisas e projetos de extensão em torno da araucária, para que o progresso em torno da espécie continue”, afirmou. Todos os presentes assinaram simbolicamente o documento.
De acordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes a Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura, o Paraná produz cerca de 4 mil toneladas de pinhão por ano, o que representa praticamente um terço de toda a produção nacional do produto. O valor da produção paranaense de pinhão é de cerca de R$ 20 milhões.
Confira abaixo a íntegra da carta:
CARTA DO SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS da UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ PELA Araucaria angustifolia
A Araucaria angustifólia, conhecida como “Pinheiro do Paraná”, é uma árvore emblemática do Brasil, cuja importância histórica a transformou em símbolo do Estado do Paraná, inspirando o nome da cidade de Curitiba e figurando nos brasões de diversas cidades brasileiras. Predominante na Floresta Ombrófila Mista, que cobria grande parte do Sul do Brasil, a araucária foi amplamente explorada comercialmente desde o século XIX, o que a colocou em risco de extinção.
Ecologicamente, a araucária exerce um papel crucial nos ecossistemas florestais. Sua presença é vital para a manutenção da biodiversidade, contribuindo para a regulação climática, preservação dos recursos hídricos, melhoria da qualidade do ar e captura de carbono, auxiliando no combate às mudanças climáticas. Além disso, seus pinhões, tradicionalmente consumidos pelos povos indígenas, tornaram-se parte da culinária brasileira, criando novas oportunidades econômicas associadas à árvore.
Nesse contexto, a Universidade Federal do Paraná (UFPR), localizada no coração da região onde a araucária é nativa, destaca-se como um dos principais centros de pesquisa sobre a espécie no Brasil. O Setor de Ciências Agrárias da UFPR tem sido especialmente ativo nessa área, com notável contribuição do professor Flávio Zanette, que desde 1985 conduz pesquisas sobre a araucária. Seus estudos resultaram em inúmeros artigos científicos, livros, dissertações e teses, além do desenvolvimento de tecnologias fundamentais, como a técnica de enxertia de clones superiores, que tem renovado o interesse pelo cultivo da espécie.
Dada a importância histórica da UFPR, o alto nível de especialização de seu corpo técnico e a infraestrutura disponível, é essencial que o protagonismo da pesquisa com araucária continue. Recomenda-se que os departamentos do Setor de Ciências Agrárias incentivem seus docentes e técnicos a elaborarem projetos de pesquisa e extensão focados na valorização da Araucaria angustifolia, promovendo sua preservação e expansão do cultivo sustentável.
Curitiba, 30 de setembro de 2024