A história começou nas primeiras décadas do século, décadas de 10, 20 e 30, com o tio-bisavô e o bisavô de Marcelo Molento que participaram, respectivamente, da fundação da universidade e do início do curso de Engenharia Civil. A partir daí, diversos descendentes dessa linhagem seguiram os passos dos antepassados, dedicando-se à universidade.Entre eles, o avô e o pai de Molento, além de tios e primos.
O professor conta que descobriu a participação de seu tio-bisavô, Hugo Gutierrez Simas, na fundação da UFPR com o tempo, mas que desde a infância a universidade esteve presente em sua vida por meio das narrativas do avô. “Eu escutava meu avô e meu pai falarem sobre a universidade e sempre me espelhei neles. Meu bisavô, Francisco Gutierrez Beltrão, fez parte da primeira turma de Engenharia Civil no século passado. Ele foi o primeiro topógrafo e engenheiro do Paraná. Meu avô, Alceu Trevisani Beltrão, seguindo seu exemplo, também foi engenheiro civil e atuou como professor e coordenador do curso nos anos 40 e 50. Meu pai, Evelásio José Molento, veio do interior de São Paulo prestar vestibular aqui e, no decorrer do curso, passou a namorar a Rosa Branca Beltrão, filha de seu professor de Engenharia Civil – meu avô Alceu –, casando-se em seguida. Posteriormente ele foi professor da UFPR nos anos 60, 70 e 80, quando me passou o bastão”, revela.
Marcelo Molento não seguiu o caminho da Engenharia, mas continuou a tradição de ministrar aulas na UFPR, onde leciona desde 2003. Foi uma escolha natural para quem conviveu com o meio acadêmico desde muito cedo. “Eu vinha muito à UFPR e a coisa que mais me chamava a atenção era a forma como os jovens alunos de meu pai procuravam-no depois das provas. Ficava imaginando como ele devia ser importante para aqueles estudantes”, lembra Molento.
Segundo ele, o fato de ter escolhido a Veterinária inicialmente gerou algumas resistências na família, muito ligada à Engenharia. “Mas eu queria descobrir uma nova paixão aqui dentro. E meu pai me deu muita segurança quando fiz essa escolha”, afirma.
A opção pela vida acadêmica foi reforçada por experiências com professores ao longo da graduação e da pós-graduação: “Fui ao Canadá para fazer doutorado e lá tive dois grandes professores que me incentivaram com relação à pesquisa. A ciência foi um dos fortes motivos que me trouxe para a UFPR, pois eu não queria só dar aulas. Meu sonho era ser aquele tipo de professor que realiza outras atividades, está em campo solucionando problemas do dia a dia, na sala de aula transferindo conhecimento e no laboratório desenvolvendo ciência”.
A esposa de Marcelo Molento, Carla Forte Maiolino Molento, também é professora na UFPR, na área de Zootecnia. Os dois vêm juntos para o trabalho e estão constantemente na instituição. Não é à toa, portanto, que Molento considera a universidade como sua casa.
O professor conta que seus três filhos já demonstram interesse pelo mundo científico e acadêmico e não esconde que gostaria de ver a quinta geração da família envolvida com a UFPR. Segundo ele, apesar de não ser uma imposição, a influência dele e da esposa é grande, já que ambos conversam sobre ciência em casa.
“Nós devemos praticamente tudo à universidade. Não consigo me imaginar em outro emprego. Esse trabalho é muito gratificante do ponto de vista social e de retribuição, inclusive para a melhora do país. Levar saúde e bem-estar aos animais, tentar fazer com que a sociedade se conscientize de suas responsabilidades, publicar artigos científicos e ministrar cursos de extensão são atividades minhas e da minha esposa que considero muito mais recompensadoras do que seguir uma oportunidade individual”, afirma.
Jéssica Tokarski 3 de maio de 2017 – 9h11